Entenda os impactos do El Niño nas produções de café do Brasil
O mercado de café enfrentou anomalias climáticas no último trimestre de 2023, largamente influenciadas pelo padrão El Niño que dominou as principais regiões produtoras de café no Brasil. Temperaturas sem precedentes e chuvas irregulares caracterizaram esse período, impactando a produção e criando um efeito cascata no mercado de café.
“No Sul de Minas Gerais, as temperaturas atingiram níveis recordes, alterando os padrões climáticos usuais. Apesar do padrão El Niño diminuir no início de 2024, as temperaturas permaneceram acima da média, representando um desafio contínuo para o cultivo de café”, pontua Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint.
As reservas hídricas construídas em 2023 ajudaram a amenizar o impacto da menor precipitação em novembro e dezembro, mantendo níveis médios no final do ano. No entanto, as perspectivas para 2024 são incertas, com os níveis de chuva atualmente relatados abaixo da média, aumentando a pressão em uma situação já vulnerável.
“O Cerrado enfrentou um conjunto diferente de desafios, experimentando chuvas consistentemente mais baixas ao longo do ano. No último trimestre, os volumes acumulados de chuva já estavam abaixo dos registrados em 2021. Aliado a temperaturas em um nível mais alto em uma década, a região enfrentou uma pressão crescente na produção de café. Com o início do novo ano, o otimismo fica escasso, com os níveis acumulados de chuva relatados como sendo 30% abaixo do normal, estabelecendo um tom menos otimista para o próximo ciclo de colheita em comparação com o período pós-florada”, destaca.
A proximidade com o Espírito Santo expôs a ZMT ao impacto do El Niño, com chuvas consistentemente abaixo da média no último trimestre de 2023. Embora a região tenha passado por um período mais curto de temperaturas extremas, as preocupações para 2024 giram principalmente em torno dos baixos níveis de chuva, apesar de uma diminuição nas temperaturas.